Era uma vez uma alma que habitava uma casinha modesta

Era uma vez uma alma que habitava uma casinha modesta, construída com madeira envelhecida e telhas frágeis. Apesar das limitações da moradia, essa alma encontrava alegria na simplicidade e na irresponsabilidade de viver o presente. Ela não se preocupava com o amanhã, pois a felicidade estava no agora.

Um dia, um vendaval feroz varreu a região. As rajadas de vento arrancaram o telhado da casinha, deixando-a vulnerável à chuva e ao frio. A alma, teimosa e esperançosa, acreditou que ainda poderia sobreviver ali, mesmo sem o teto que a protegera por tanto tempo.

Mas outras entidades, invisíveis aos olhos humanos, tinham outros planos. Por razões desconhecidas, elas demoliram todas as paredes da casinha. A alma, agora sem abrigo, permaneceu ali, como se a própria casa fosse parte de sua essência. Ela não tinha para onde ir, nem mesmo um abrigo improvisado.

O inverno chegou implacável. A alma, desprotegida e debilitada, sucumbiu à doença que a acometeu. Seu corpo tremia de frio, e a esperança minguava a cada dia. Ela não conseguia se comportar como as almas saudáveis, pois sua força se esvaía. As outras almas que viviam nas redondezas a observavam com julgamento nos olhos. “Por que não se adapta? Por que não luta pela sobrevivência?”, murmuravam entre si.

Mas a alma doente sabia que não era apenas o telhado e as paredes que haviam desmoronado. Era algo mais profundo, uma ferida invisível que a corroía. Ela não acreditava que uma casa nova, com paredes robustas e um telhado impecável, pudesse curá-la. A doença não estava na madeira ou nas telhas, mas dentro dela mesma.

E assim, a estória da alma que não se preparou para as intempéries do tempo se desenrolou. Ela ansiava pelo Criador, pela mão que a levaria para além das estações e das tempestades. Talvez, no abraço divino, encontrasse a paz que lhe escapara na fragilidade de sua casinha desfeita. 🌬️❄️🏠